segunda-feira, 31 de março de 2014

Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia


Hoje ao despertar, estava me arrumando para trabalhar, quando fui pentear meus cabelos na frente do espelho, de repente, meus olhos encontraram os meus olhos do espelho, nesse momento, sem explicação, a minha mente começou a recitar a parte final de uma poesia que eu fiz quando tinha uns dezoito ou vinte anos. À medida que a poesia ia sendo recitada, pude perceber que parecia uma mensagem para mim. O mais impressionante é que eu já nem lembrava mais dessa poesia, razão pela qual, fiquei questionando como o meu cérebro conseguiu buscar aquela parte da poesia e recitá-la com tamanha precisão.

No caminho para o trabalho fiquei tentando lembrar toda a poesia, mas não conseguia. Quando cheguei no trabalho, continuou o meu esforço para lembrar toda poesia. Aos poucos, começaram a surgir flashes das outras partes da poesia. Acredito que recordei toda poesia, ou pelo menos noventa e nove por cento.

Resolvi comentar com um amigo o ocorrido, no instante que fazia o comentário, lembrei-me de uma poesia de meu irmão, que já partiu, o que fez os meus olhos encherem-se de lágrimas. Como, na época, eu tinha gostado muito da poesia, ele resolveu me dar. Cheguei em casa e fui procurar a poesia sem saber se iria encontrá-la, eis que, ele escreveu a mais de vinte anos; para minha surpresa a poesia estava guardada em uma caixinha.

Talvez, existam pessoas que enxergarão esses fatos como mera coincidência. Eu acho que não. Na minha visão, o meu irmão recitou naminha mente aquela parte da poesia feita por mim para chamar a minha atenção para certos fatos que estão ocorrendo no momento. E, embora a poesia dele não transmita nenhuma mensagem para mim, quis que eu lembrasse da poesia que ele me deu há vinte anos atrás,apenas para que eu soubesse que era ele que havia recitado a minha.

Assim, como eu acho que nada é por acaso, resolvi postar aqui as duas poesias, à parte que foi recitada na minha mente estará em negrito.

Minha poesia:

Presa na corrente aberta...

Com a chave da porta na mão...

Não abro para não ver a vida...

Caminho longo, estrada nebulosa, onde está o fim?

Não estou só, mais a solidão é minha companheira...


Quem sou?

Sou quem está ao meu lado...

Que por cega, enxergando...

Que por paralisada, andando...

Trocou a liberdade pelo comodismo...

Trancou a vida por detrás da porta...

Está viva se sentido morta...

A poesia do meu irmão foi feita durante uma caminhada, não planejada, que ele fez junto com dois amigos, do início da praia da Barra da Tijuca até o final da praia do Recreio dos Bandeirantes.

In memoriam de Antônio Carlos

LOUCA CAMINHADA

Partindo da incerteza, de um sorriso, de um acordo, de águas de um monte pedregoso esverdeado.

Longe, muito longe, quase perdidas, confundiam-se com o azul do céu, imagens arquitetônicas.

O sol brilha no centro do infinito, constante, sorridente, imperdoável...mas não desafia caminhantes vigorosos, bronzeados, quase nus, que partiram de um princípio para no objetivo chegar.

Sem interesse, sem disputas, foram três caminhantes, dentro de um combinado, areias distantes pisar.

ÓLouca caminhada entre a areia e o mar, e de quando em quando, subiam águas salgadas, espumantes e geladas, e pés andarilhos banhavam.

Ó louca caminhada de árvores verdes e paradas, e na areia, morenas, loiras, negras e mulatas, que ao sol se entregavam, e com desinteresse para trás ficavam.

Ó louca caminhada, que por pescadores passava.

E aquilo que se queria, cada vez mais perto chegava.

Enquanto pernas cansadas dessa louca caminhada, perto bem perto estava.

Ó louca caminhada, de caminhantes cansados, desafiantes do sol, que em águas doces banhavam-se, bebiam e refrescavam-se.

Ó louca caminhada, que o ponto de partida, longe, muito longe ficou.

Ó louca caminhada, que agora findavam.

Onde três caminhantes no ponto dos sorrisos chegavam.

Até o sol de tão tímido se escondeu.

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