O que é esta teoria, o criador Howard Gardner, quais são as inteligências, capacidades e habilidades, psicologia
Cérebro humano: capacidade de desenvolvimento de inteligências múltiplas
Aquele que se autorita de tudo, quer mandar em tudo e em todos.
O meu chefe é muito autoritário
Representante da prosa daterceira geração modernista, Clarice Lispector é a mais representativa voz feminina da Literatura brasileira. Responsável por introduzir novas técnicas de expressão na Literatura, Clarice ousou subverter o tradicional gênero narrativo, fundindo elementos da poesia à prosa, com temas essencialmente humanos e universais.
Clarice nasceu na Ucrânia, na aldeia de Tchetchelnik, em 10 de dezembro de 1920, durante a viagem de emigração da família em direção à América, chegando ao Brasil com apenas dois meses de idade. Foi criada na cidade de Recife, naturalizou-se brasileira e assim se definia, fazendo da língua portuguesa sua vida, dedicando-se exaustivamente à Literatura. Sua primeira obra causou espanto à crítica literária e ao público, pois as inovações de seu romance Perto do coração selvagem (1944) não foram compreendidas por seus primeiros leitores. Ainda em seus primeiros escritos, tentou alcançar visibilidade no universo da Literatura ao imprimir seu estilo, incorporando na prosa elementos até então vistos como estritamente poéticos, como o uso de metáforas, paradoxos, antíteses e outras figuras de linguagem.
Um dos aspectos mais importantes e inovadores na prosa de Clarice Lispector foi o fluxo de consciência, técnica narrativa baseada na introspecção psicológica. Nele, os pensamentos das personagens são fielmente desvendados, misturando falas e ações com reminiscências, além de serem representados por uma sintaxe muitas vezes caótica que dá vazão a uma livre associação de ideias. No fluxo de consciência, o pensamento flui, e o escritor permite que a personagem perca-se em divagações e reações íntimas:
“[...] o bonde deu uma arrancada súbita jogando-a desprevenida para trás, o pesado saco de tricô despencou-se do colo, ruiu no chão, Ana deu um grito, o condutor deu ordem de parada antes de saber do que se tratava o bonde estacou, os passageiros olharam assustados. Incapaz de se mover para apanhar suas compras, Ana se aprumava pálida. Uma expressão de rosto, há muito não usada, ressurgia-lhe com dificuldade, ainda incerta, incompreensível [...]”
(Fragmento do conto “Amor”, extraído do livro “Laços de família, de Clarice Lispector).
A técnica usada por Clarice em sua obra já havia sido praticada por outros escritores, como James Joyce, Virginia Woof, Marcel Proust e William Faulkner. No Brasil, foi precursora da técnica, que também pode ser encontrada na obra de escritores como Antônio Callado e Autran Dourado. Além do fluxo de consciência, na obra de Clarice Lispector também pode ser encontrado um processo epifânico: o termo epifania possui conotação religiosa e consiste em uma manifestação divina ou aparecimento de algo revelador. Na obra de Clarice, a epifania pode ser desencadeada por um fato corriqueiro, como um beijo, um olhar, uma visão ou até mesmo uma brusca freada de ônibus, como no fragmento acima do conto Amor. Na maioria das vezes, os momentos epifânicos são traumáticos, ativando questionamentos filosóficos e existenciais, bem como rupturas com antigos comportamentos.
Para Clarice, o ponto de partida de seus romances e contos foram as experiências pessoais, sendo que em muitos deles a mulher ocupou o posto de protagonista. Dessa maneira, Clarice desenhou um complexo universo feminino, embora tenha transitado por outros universos, como as relações entre o eu e o outro e o esvaziamento das relações familiares. Rejeitou durante toda a sua vida o rótulo de escritora feminista, mesmo porque sua obra não pode ser limitada a um estereótipo, visto o caráter social, filosófico, existencial e metalinguístico que permeia seus livros. Com mais de vinte obras publicadas, alguns títulos da ficção clariceana ganharam destaque: Perto do coração selvagem, O lustre (romances, ambos de 1946), Laços de família (contos, 1960), A paixão segundo G. H. (romance, 1964), Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (romance, 1969), Água viva (prosa, 1973) e A hora da estrela - último livro publicado antes de sua morte (romance, 1977). Clarice faleceu vítima de câncer, na véspera de seu aniversário de 57 anos, no dia 09 de dezembro de 1977, no Rio de Janeiro.
Obra de Clarice Lispector
Romances:
Perto do Coração Selvagem (1943)
O Lustre (1946)
A Cidade Sitiada (1949)
A Maçã no Escuro (1961)
A Paixão segundo G.H. (1964)
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969)
Água Viva (1973)
Um Sopro de Vida - Pulsações (1978)
Novela:
A hora da estrela (1977)
Contos:
Alguns contos (1952)
Laços de família (1960)
A legião estrangeira (1964)
Felicidade clandestina (1971)
A imitação da rosa (1973)
A via crucis do corpo (1974)
Onde estivestes de noite? (1974)
A bela e a fera (1979)
Correspondência:
Cartas perto do coração (2001) - Organização de Fernando Sabino
Correspondência - Clarice Lispector (2002) - Organização de Teresa Cristina M. Ferreira
Entrevistas:
De corpo inteiro (1975)
Literatura infantil:
O mistério do coelho pensante (1967) - Escrito em inglês e traduzido por Clarice
A mulher que matou os peixes (1968)
A vida íntima de Laura (1974)
Quase de verdade (1978)
Como nasceram as estrelas (1987)
Antologias:
Seleta de Clarice Lispector (1975) - Organização de Renato Cordeiro Gomes
Clarice Lispector (1981) - Organização de Benjamin Abdala Jr. e Samira Y. Campedelli
O primeiro beijo & outros contos, de Clarice Lispector (1991)
Os melhores contos de Clarice Lispector (2001) - Organização de Walnice N. Galvão
Aprendendo a viver (2004)
*A imagem que ilustra o artigo foi criada a partir de capas de livros da autora, publicados pela Editora Relógio D'Água.
** A imagem que ilustra o miolo do artigo foi criada a partir de capas de livros da autora, publicados pela Editora Rocco.
Por Luana Castro
Graduada em Letras