28 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: a cada dificuldade muitos economistas e jornais econômicos falam de uma crise profunda, para os chineses o ideograma crise tem também o sentido de oportunidade, seguidores de Malthus
Diante das dificuldades pontuais pelas quais passa o mundo, abrindo-se muitos jornais econômicos do mundo que dependem fortemente das publicidades de instituições financeiras, nota-se a volta de sentimentos semelhantes aos que foram apontados por Thomas Robert Malthus no início do século XIX, de que a humanidade seria dizimada pelas fomes e pelas doenças. Acabou-se chamando esta doutrina de malthusianismo, que sempre volta à tona com novas versões, ainda que sempre desmentida pela realidade. Poderia-se chamá-los de adeptos da economia da escassez, que sempre vai existir neste ramo do conhecimento, que acaba determinando juros elevados e lucros fabulosos para o setor financeiro.
Todos os desafios acabaram sendo superados pelos aumentos de eficiência que, mesmo com recursos limitados, proporcionaram produções crescentes, contribuindo para a melhoria do bem-estar de toda a população. Eles dependem das pesquisas e dos desenvolvimentos tecnológicos. Muitos se esquecem que o papel dos economistas sempre foi o de promover a produção e o desenvolvimento, superando as limitações existentes. Se elas não existissem, não haveria sentido para existência desta arte, que se denomina economia política, que pouco tem de científico.
Thomas Robert Malthus
Que o mundo se globalizou ninguém duvida, e uma temporária redução de algumas produções com os terremotos, tsunami e radiações no Japão acaba afetando determinadas atividades produtivas em muitas partes do mundo. Ora, os mecanismos de mercado funcionam, acabando por responder com produções mais eficientes para atender a demanda existente, ou será que todos os produtores do mundo ficarão com os braços cruzados? O Wall Street Journal, num artigo reproduzido pelo Valor Econômico, lista uma série de setores que estão sendo afetados temporariamente. Será que se esgotou a capacidade dos empresários para localizarem alternativas, com o aumento da produção dos concorrentes dos japoneses? Será que os japoneses eram detentores de monopólios tecnológicos em que somente eles poderiam suprir o mercado? Assim fosse, não estariam passando por décadas de baixo crescimento, por falta de desafios que agora enfrentam no processo de sua reconstrução.
Outro artigo nos mesmos jornais expressa as preocupações com os elevados endividamentos públicos nos países desenvolvidos, informando que estão nos seus limites, coibindo suas possibilidades de responder aos atuais desafios como os que ocorrem no mundo árabe, na Europa como no Japão. Isto não cria oportunidades para o setor privado, ou mecanismos novos como os público-privados, como desejam muitos economistas e dirigentes políticos destes países? Será que a humanidade não veio dando, ao longo de sua história, demonstrações de sua capacidade criativa para superar estas dificuldades?
E os muitos países emergentes, que já foram mais poderosos no passado, como a China e a Índia, não estão novamente em ascensão? Acrescentem a eles civilizações milenares como os que construíram a Babilônia e o Egito, quando a Europa ainda era realmente bárbara.
Que existem ciclos na economia está mais que comprovado pelos dados objetivos, e que desafios sempre foram superados, ainda que com mudanças dos personagens principais. Mas não é esta democracia, criando novas oportunidades para muitos, que está na preocupação da maioria do mundo? Ou serão privilégios de pseudo elites aristocráticas ou monárquicas que estão caindo…
Pode ser que o domínio do setor financeiro, até pela necessidade de controle dos seus abusos, acabe cedendo espaço para o desenvolvimento tecnológico e sustentável.
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