sábado, 22 de agosto de 2015

A RETRAÇÃO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

 

A indústria mundial do petróleo entrou em acelerada redução de atividades, e tende a perder protagonismo econômico. São vários os indicadores, dois quais um fato explícito se deu na última oferta de blocos, no Golfo do México.

Realizada nessa quarta, pelo Governo dos EUA, a rodada arrecadou apenas 22,7 milhões de dólares das 5 companhias que se interessaram pelos 33 blocos ofertados.

Por contraste, na 11a rodada brasileira de concessões, em Maio de 2013, a ANP ofertou 55 blocos off-shore, arrecadando cerca de 5 bilhões de reais, ou 2,3 bilhões de dólares, à cotação da época (vale comparar com os 3,5 bilhões de reais que a Vendine pretende arrecadar, com a venda de ações da BR).

PRODUÇÃO SE ELEVA, E DEMANDA DIMINUI

Os componentes da queda do preço não se resumem aos efeitos tardios da crise iniciada em 2008, exponenciados na redução da demanda chinesa, como sustentam análises superficiais. Existem raízes estruturais, e tendências perenes.

A produção doméstica dos EUA mais do que dobrou, nos ultimos 6 anos (projetam a média de 9,4 milhões de barris/dia para 2015, e os estoques atuais são dos mais altos desde o fim da Segunda Guerra), Canadá e Irã aumentam a produção ano após ano, e a Arábia Saudita impediu que a OPEP, como um todo, diminuísse a produção.

Na outra ponta há o crescimento, lento e gradual, mas seguro, crescimento de fontes limpas na matriz energética (Solar e Eólica já respondem, hoje, por 6% da m. energética dos EUA, e o Governo definiu a meta de chegar a 20% em 2030), aliado a uma cada vez maior eficiência no aproveitamento dos hidrocarbonetos.

PREÇO BAIXO VEIO PRA FICAR

O barril de WTI fechou abaixo de 40 U$ ontem, pela primeira vez desde 2009, aliás coroando a pior semana da bolsa de valores de Nova Iorque, nos últimos 4 anos.

O Departamento de Energia dos EUA (equivalente ao nosso MME), projeta que o preço médio do WTI volte à casa dos 50 U$ até o fim de 2016.

DESEMPREGO

A redução de atividades se dá, prioritariamente, na Exploração e Produção. As "grandes" do setor cortaram mais da metade das atividades de perfuração em andamento, nos ultimos 12 meses. A única exceção vem da Baker-Hugues, que anuncia pelo 5° mês aumento de sondas em atividade, mas com o módico acréscimo de 1 ou 2 a cada mês.

Somente nos EUA, mais de 100 mil petroleiros diretos perderam o emprego nos 13 meses entre Julho de 2014 e Julho de 2015.  E o desemprego acelera. Essa estimativa, era de 50 mil em abril de 2015.

Chevron e Shell cortaram salariis, comissões e dividendos. A grande maioria dos analista concorda que, para as "majors" e os países produtores, o pior ainda está por vir.

Autor: Normando Rodrigues
Fonte: BBC, WSJ e NYT

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