O blog Megacidadania tem a honra de apresentar um texto inédito do consagrado intelectual José Carlos de Assis. Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e autor de mais de 20 livros sobre economia política, e em 1983 foi agraciado com o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria reportagem.
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COMO SAIR DO FUNDO DO POÇO REVERTENDO O DESEMPREGO
por José Carlos de Assis
Parei de escrever há algum tempo sobre economia porque era um esforço repetitivo antes do agravamento da crise. No meio da farra neoliberal, não havia nada de novo. Volto a escrever episodicamente agora porque há algo de novo: a crise medida pelo desemprego e pela queda do PIB já chegou de forma dramática para milhares de famílias, embora ainda parcialmente invisível a olho nu nas estatísticas.
De fato, o Brasil já vive a pior crise econômica de sua história. Mas essa crise não vai parar por aqui. Infelizmente, graças a uma política econômica destrutiva de empresas e de empregos, vamos afundar mais ainda. A crise econômica está se tornando crise social, e depois da crise social ninguém sabe o que pode vir, como ninguém sabia quando a crise econômica italiana e alemã levou Mussolini e Hitler ao poder nos anos 20 e 30. No nosso caso, Bolsonaros e Caiados estão à espreita!
Há meses que venho dizendo que o PIB, que mede toda a produção do País, vai ter uma queda violenta, da ordem de 5% este ano. Isso está sendo um desastre sem precedentes. Nunca aconteceu aqui e só raramente aconteceu em outros países, quando estavam em crises semelhantes às nossas, como na década de 30 do século passado. A taxa de desemprego deverá chegar aos 15%, também em 2015, e não será surpresa se ela bater em sua porta e na porta de sua família.
O que significa média de desemprego de 15% para você e sua família? Se cada um desses desempregados tiver um dependente, significa que um em cada três pessoas ligadas à força do trabalho vai passar dificuldades ou mesmo passar fome. A retração de 5% do PIB tem também um significado trágico. É que o total da produção do país vai cair enquanto o número da população vai aumentar. Para o rico não há problema. Ele sempre pega a parte mais suculenta do bolo, independentemente do tamanho do bolo. Pobre é quem vai pagar a conta.
Também a dimensão política da crise atual é uma tragédia em si. O Governo perdeu a iniciativa, a não ser para piorar a situação. O Congresso está uma balbúrdia. O Judiciário chega ao extremo de decidir pela destruição de nossas grandes empresas, fontes de milhares de empregos, em nome de uma moralidade hipócrita, destrutiva e imbecil. Nesse contexto, só um grande pacto social pode salvar a República. Há dirigentes sindicais, estudantis, profissionais, que estão tentando construir esse pacto. Daremos a ele o nome de Grande Acordo Social. Não é para derrubar a Presidente, tornando a crise ainda mais grave. É para mudar o Governo, com uma profunda faxina nos Ministérios e a aplicação de um programa econômico direcionado para a criação e manutenção dos empregos e para o desenvolvimento econômico.
Entretanto, escrever programas econômicos é inútil se não houver gente efetivamente comprometida a implementá-los. Isso significa que a atual equipe econômica tem que dançar de vez, para que o povo não continue a dançar na corda bamba. Escrever programas econômicos também é inútil se não houver uma força social relevante para empurrá-los. Vamos fazer isso. Estamos articulando um movimento para sairmos dos gabinetes e dos auditórios para a rua. Espero que já na próxima semana tenhamos uma agenda única dos movimentos sociais com esse objetivo. Vamos fazer convergir as propostas econômicas agora, e logo depois as propostas políticas. É assim que poremos o poder a serviço do povo, começando pela recuperação do emprego e das empresas que o criam, o que significa uma Aliança Nacional entre trabalhadores e empresários como núcleo do processo, ao lado dos estudantes, do movimento de mulheres, dos profissionais de saúde e educação, da Pastoral Operária da CNBB, dos evangélicos progressistas e de outros movimentos populares.
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Sugestão de leitura:
A hora do grande acerto de contas nacional - Portal GGN
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COMO SAIR DO FUNDO DO POÇO REVERTENDO O DESEMPREGO
por José Carlos de Assis
Parei de escrever há algum tempo sobre economia porque era um esforço repetitivo antes do agravamento da crise. No meio da farra neoliberal, não havia nada de novo. Volto a escrever episodicamente agora porque há algo de novo: a crise medida pelo desemprego e pela queda do PIB já chegou de forma dramática para milhares de famílias, embora ainda parcialmente invisível a olho nu nas estatísticas.
De fato, o Brasil já vive a pior crise econômica de sua história. Mas essa crise não vai parar por aqui. Infelizmente, graças a uma política econômica destrutiva de empresas e de empregos, vamos afundar mais ainda. A crise econômica está se tornando crise social, e depois da crise social ninguém sabe o que pode vir, como ninguém sabia quando a crise econômica italiana e alemã levou Mussolini e Hitler ao poder nos anos 20 e 30. No nosso caso, Bolsonaros e Caiados estão à espreita!
Há meses que venho dizendo que o PIB, que mede toda a produção do País, vai ter uma queda violenta, da ordem de 5% este ano. Isso está sendo um desastre sem precedentes. Nunca aconteceu aqui e só raramente aconteceu em outros países, quando estavam em crises semelhantes às nossas, como na década de 30 do século passado. A taxa de desemprego deverá chegar aos 15%, também em 2015, e não será surpresa se ela bater em sua porta e na porta de sua família.
O que significa média de desemprego de 15% para você e sua família? Se cada um desses desempregados tiver um dependente, significa que um em cada três pessoas ligadas à força do trabalho vai passar dificuldades ou mesmo passar fome. A retração de 5% do PIB tem também um significado trágico. É que o total da produção do país vai cair enquanto o número da população vai aumentar. Para o rico não há problema. Ele sempre pega a parte mais suculenta do bolo, independentemente do tamanho do bolo. Pobre é quem vai pagar a conta.
Também a dimensão política da crise atual é uma tragédia em si. O Governo perdeu a iniciativa, a não ser para piorar a situação. O Congresso está uma balbúrdia. O Judiciário chega ao extremo de decidir pela destruição de nossas grandes empresas, fontes de milhares de empregos, em nome de uma moralidade hipócrita, destrutiva e imbecil. Nesse contexto, só um grande pacto social pode salvar a República. Há dirigentes sindicais, estudantis, profissionais, que estão tentando construir esse pacto. Daremos a ele o nome de Grande Acordo Social. Não é para derrubar a Presidente, tornando a crise ainda mais grave. É para mudar o Governo, com uma profunda faxina nos Ministérios e a aplicação de um programa econômico direcionado para a criação e manutenção dos empregos e para o desenvolvimento econômico.
Entretanto, escrever programas econômicos é inútil se não houver gente efetivamente comprometida a implementá-los. Isso significa que a atual equipe econômica tem que dançar de vez, para que o povo não continue a dançar na corda bamba. Escrever programas econômicos também é inútil se não houver uma força social relevante para empurrá-los. Vamos fazer isso. Estamos articulando um movimento para sairmos dos gabinetes e dos auditórios para a rua. Espero que já na próxima semana tenhamos uma agenda única dos movimentos sociais com esse objetivo. Vamos fazer convergir as propostas econômicas agora, e logo depois as propostas políticas. É assim que poremos o poder a serviço do povo, começando pela recuperação do emprego e das empresas que o criam, o que significa uma Aliança Nacional entre trabalhadores e empresários como núcleo do processo, ao lado dos estudantes, do movimento de mulheres, dos profissionais de saúde e educação, da Pastoral Operária da CNBB, dos evangélicos progressistas e de outros movimentos populares.
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Sugestão de leitura:
A hora do grande acerto de contas nacional - Portal GGN
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